 
 Prato principal das abelhas, os pequenos grãos que elas colhem das  plantas também são um tesouro nutritivo para o ser humano. E, agora que  eles caíram no gosto e no conhecimento popular, os pesquisadores se  dedicam ao desenvolvimento de produtos e receitas que estimulem a  inclusão desse ingrediente valioso na alimentação diária. Basta uma  única colher de sopa para conquistar mais ânimo e saúde.
A  riqueza do pólen vem de uma parceria bem-sucedida: “O valor nutricional  dos grãos é reforçado pela saliva das abelhas — repleta de enzimas e  vitaminas —, usada para aglutinar as partículas e transportá-las”,  afirma o zootecnista Silvio Lengler, presidente da Confederação  Brasileira de Apicultura.
O poder revigorante do produto se deve, em parte, às proteínas que  possui. “Em nossas análises verificamos que ele tem uma concentração  semelhante à do leite integral”, compara a farmacêutica- bioquímica  Ligia Muradian, da Universidade de São Paulo e da Comissão Internacional  do Mel. E não estamos falando de uma proteína qualquer. “Ela contém 18  dos 22 aminoácidos essenciais, partículas que constroem músculos e que o  corpo não fabrica. É por isso que precisamos ingeri-las”, revela  Lengler. 
Mais um trunfo pró-energia: “Os flocos são fontes de gorduras, como  alguns ácidos graxos, que não só aumentam a disposição como ajudam a  eliminar o colesterol ruim”, afirma a bióloga Anna Frida Modro, da  Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, no  interior de São Paulo. O pólen também é aclamado por seu potencial  antienvelhecimento. “Uma das explicações para esse efeito seria a  presença de vitaminas como a C e a E”, especula Lidia Barreto. Elas  combatem os radicais livres, moléculas formadas no organismo devido a um  processo natural de oxidação e que deterioram as células.
Um arsenal de vitaminas completa a lista de virtudes do pólen.  “Verificamos que ele é fonte de vitamina B2 em quantidades que se  equiparam às do lombo de porco”, conta a nutricionista Vanilda Arruda,  também da Universidade de São Paulo. “Essa substância atua na prevenção  da catarata e da fadiga ocular”, continua. Outras vitaminas do complexo  B, que participam do desenvolvimento do sistema nervoso e na recuperação  de tecidos, foram detectadas em doses expressivas.
Mais um destaque dos grãos florais é o betacaroteno, composto que, no  organismo, se transforma em vitamina A, responsável por proteger a visão  e a pele. “Algumas amostras de pólen apresentam uma quantidade 20 vezes  maior de betacaroteno do que a encontrada na cenoura, considerada a  principal fonte da substância”, garante Silvio Lengler. O grãozinho  ainda é repleto de fibras que auxiliam no funcionamento intestinal.
Para tirar proveito de tantos efeitos positivos, é preciso apostar no produto certo, portanto ficar atento ao recipiente também faz a diferença. “Dê preferência aos  vidros ou aos potes plásticos bem vedados e evite os saquinhos”,  aconselha Silvio Lengler. Essa precaução impede a passagem de umidade,  que propicia a contaminação por fungos e a deterioração do pólen,  tornando-o rançoso, amargo e com uma coloração escura.
Atualmente, o pólen é comercializado na Europa e na Ásia como  ingrediente de tônicos consumidos especialmente por idosos, com o  objetivo de retardar o impacto do envelhecimento.